VT Notícias: Nas últimas quatro décadas, a Mata Atlântica viu desaparecer 2,4 milhões de hectares de floresta. O dado, revelado pelo MapBiomas nesta segunda-feira (28), mostra que o bioma mais devastado do país preserva hoje apenas 31% de sua cobertura natural — uma redução de 8,1% em relação ao início da série histórica.Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído em comparação aos anos 1980, o ritmo de destruição ainda preocupa. Só nos últimos cinco anos, a média anual de perda foi de 190 mil hectares. E o que mais alarma os pesquisadores é que cerca da metade dessas derrubadas ocorre em florestas antigas, com mais de 40 anos, justamente as que concentram maior biodiversidade e estoque de carbono.
Desde o início da colonização, a Mata Atlântica vem cedendo espaço para a ocupação humana. Em 1985, quando começaram os registros do MapBiomas, restava apenas 27% da cobertura original. De lá para cá, a paisagem mudou de forma desigual: houve avanços pontuais na recomposição florestal após a promulgação da Lei da Mata Atlântica, mas a expansão agrícola e urbana continuou a avançar sobre o bioma.
A agricultura segue como a principal força de transformação. Em quatro décadas, a área cultivada praticamente dobrou e hoje representa um terço da produção nacional dentro do bioma. Lavouras de soja, cana-de-açúcar e café registraram crescimentos expressivos, enquanto as pastagens recuaram. A silvicultura também se expandiu, multiplicando por cinco sua presença e tornando-se uma das atividades mais intensas do setor florestal brasileiro.
O crescimento das cidades completa o retrato da pressão sobre a Mata Atlântica: desde 1985, a urbanização se espalhou por 77% dos municípios, dobrando a área ocupada por construções. O estudo reforça a urgência de políticas consistentes de conservação e recuperação da vegetação nativa, fundamentais para garantir o futuro de um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados do planeta.
0 Comentários