VT Notícias: A tarde de quarta-feira (12/11) foi marcada por tensão na Emei Antônio Bento, no Caxingui, zona oeste da capital paulista, depois que o pai de uma aluna de 4 anos acionou a Polícia Militar ao saber que a filha havia desenhado a orixá Iansã durante uma atividade escolar. No dia anterior, o homem já havia demonstrado irritação com o trabalho, inspirado em um livro do acervo oficial da rede municipal, e chegou a arrancar um mural feito pelas crianças, segundo relatos de familiares de estudantes.
Convocado para uma reunião do Conselho da Escola, ele não apareceu, mas enviou uma denúncia à PM alegando que a filha estaria sendo submetida a “aulas de religião africana”. Minutos depois do chamado, quatro policiais armados — um deles portando metralhadora — entraram no colégio, surpreendendo funcionários e alunos. Testemunhas relataram que a abordagem foi ríspida e provocou grande estranhamento entre as crianças.A direção explicou que a atividade fazia parte de um trabalho de leitura do livro infantil Ciranda em Aruanda, que apresenta personagens da cultura afro-brasileira, em conformidade com as leis que determinam o ensino da história e da cultura afro e indígena nas escolas. Não havia caráter religioso, apenas uma proposta pedagógica em que, após ouvir a história, as crianças ilustravam o que haviam entendido.
Os policiais permaneceram no local por mais de uma hora e chegaram a ser questionados por pais que foram ao colégio ao saber do ocorrido. A diretora, abalada com a situação, precisou deixar o prédio para receber atendimento. Uma supervisora de ensino também foi chamada.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública afirmou que os agentes conversaram com o pai e com a gestão escolar e orientaram ambos a registrar boletim de ocorrência, caso julgassem necessário. A pasta disse ainda que o armamento exibido integra o equipamento padrão usado pelos policiais durante o serviço.

0 Comentários