Do total, 149 mil perderam o pai, a mãe ou ambos. As estimativas são de um estudo internacional realizado por pesquisadores ingleses, brasileiros e americanos, que analisaram o impacto da pandemia sobre a estrutura familiar brasileira e as desigualdades regionais no país.
Uma das autoras do levantamento, Lorena Barberia, professora do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP), destacou que os efeitos de uma emergência sanitária vão além das vítimas fatais.
“Nós quisemos olhar a vulnerabilidade das pessoas que dependiam de quem faleceu. É importante lembrar que as pessoas acima de 60 anos não só tinham mais chance de morrer, mas muitas vezes desempenhavam um papel decisivo na estrutura familiar. Muitas crianças e adolescentes dependiam delas”, explicou.
Com base em modelos estatísticos e dados demográficos, como taxas de natalidade e excesso de mortalidade, os pesquisadores chegaram aos seguintes resultados:
• 1,3 milhão de crianças e adolescentes, de 0 a 17 anos, perderam um ou ambos os pais, ou algum cuidador com quem viviam, por diferentes causas;
• 284 mil dessas perdas estão diretamente ligadas à covid-19;
• 149 mil ficaram órfãs de pai, mãe ou ambos por causa da doença;
• 135 mil perderam outro familiar cuidador;
• 70,5% dos órfãos perderam o pai, 29,4% a mãe, e 160 sofreram orfandade dupla;
• Em média, 2,8 crianças ou adolescentes a cada 1.000 perderam um ou ambos os pais ou cuidadores em decorrência da covid-19.
Os autores ressaltam que os números evidenciam a magnitude da orfandade no Brasil e a necessidade de políticas públicas voltadas à proteção social e psicológica dessas crianças e adolescentes, especialmente nas regiões mais vulneráveis.
0 Comentários